
Filhos do Coração
Nossa história começa no dia 26 de junho de 1979, quando eu e o Pr. Gabriel fomos transferidos de Iraquara-BA para Esplanada-BA. Eu tinha 26 anos de idade. O desafio era alcançar Esplanada e mais seis cidades sem trabalho batista na região.
Fomos direto para o trabalho, procurando ver qual área poderíamos atender. Percebemos que era uma cidade marcada pela pobreza, sem nenhum trabalho social. Para se ter uma ideia, a educação era precária, apenas 17 pessoas cursavam o Ensino Médio (antigo segundo grau). Fui convidada para dar aulas em uma escola, porque estava com falta de professores.
A Creche em Esplanada surgiu a partir do desejo de fazer algo pela cidade, onde a mortalidade infantil era enorme. Em uma família de 15 filhos, apenas quatro crianças sobreviviam. A congregação batista foi organizada e, após três anos, através de convênio com Visão Mundial, foi criada a creche.
Na creche, as crianças ficavam em regime integral. Oferecíamos também cursos profissionalizantes, como carpinteiro, marceneiro. Atuamos também em cidades como Acajutiba, Aporá, Entre Rios e Rio Real.
O trabalho da creche em Esplanada foi sendo divulgado através da promoção missionária que fazíamos nas igrejas, através de parceria com a União Feminina Missionária Batista da Bahia e de matérias no jornal O Batista Baiano.
Tenho muitas histórias desses anos todos na creche. Uma delas é sobre um garoto chamado Raí. A mãe dele desapareceu quando ele era apenas um bebê. Ele morava com uma avó já muito idosa e doente. Por isso, ele foi para creche para ser cuidado por nós. Eu dei de mamar a Raí para que ele pudesse se alimentar. Hoje, Raí tem 13 anos e diz coisas tão lindas. Ele diz que “um dia, quem vai cuidar da creche sou eu”. Outra coisa muito marcante que ele falou foi que “o melhor presente que recebi foi uma Bíblia”.
O Dia das Mães de 2019 foi cheio de mensagens de carinho dos meus “filhos do coração”. Uma delas foi de Francisco, que foi atendido pela creche há alguns anos e hoje é pastor em São Paulo.
Se eu faria tudo outra vez? Certamente faria outra vez e faria melhor com a experiência que tenho.
Paz na evangelização das crianças
Ele veio e anunciou a paz a vocês que estavam longe e a paz aos que estavam perto. (Ef. 2.17)
M é um menino de 13 anos. Ele participa do Projeto Bola na Rede, escolinha de futsal de nossa igreja. Há uns três anos, ele era muito agitado, bagunceiro e um tanto difícil de lidar. A mãe dele é alcoólatra, o pai não vive com eles. Tem um lar desestruturado com muitas discussões e brigas constantes. Antes de cada treino, aproveitamos a oportunidade para orar e falar de Jesus aos meninos. Um dia, percebemos que M, então com 11 anos, estava diferente, mais centrado, não brigava mais com os colegas. Meu marido perguntou a ele o que tinha mudado, ele disse que havia aceitado a Jesus e estava frequentando uma Comunidade Evangélica próxima da casa dele. Os problemas continuavam os mesmos, mas ele tinha a certeza de que Deus tem o poder de transformar toda aquela situação, por isso ele ora e evangeliza os parentes. Jesus Cristo mudou a vida de M.
J tem treze anos e uma história bem conturbada, fruto das más escolhas de seus pais. Ela e os outros dois irmãos foram criados pela avó materna, porque o pai, apesar de viver com a mãe dela, era envolvido com drogas, foi preso duas vezes e não queria que os filhos morassem na mesma casa que ele. Há dois anos, a mãe dela aceitou a Jesus em nossa igreja e começamos a orar e investir para unir toda a família. Isso só foi possível no início deste ano. Estou fazendo estudos bíblicos com J e, há duas semanas, ela aceitou a Jesus como Salvador. Quando perguntei o que a motivou a tomar essa decisão, ela disse que na casa da avó era muita briga e confusão, mas agora na casa dos pais, todos estão juntos pela primeira vez. A mãe dela reúne a família todas as noites para fazerem o culto doméstico. Lá eles oram, leem a Bíblia e vivem em paz. Era o que ela queria: a paz e a salvação que só Jesus pode dar.
T tem 11 anos. Quando ela tinha dois anos, a mãe dela se suicidou porque o marido os havia abandonado. Ela e o irmão de 12 anos moram com a tia e os primos. Eles têm o olhar triste. Estão frequentando a igreja há uns dois meses. Ela vai começar a estudar flauta conosco. Estamos sempre falando sobre o amor de Deus que não nos abandona.
Jesus anunciou a paz a todos adultos e crianças indistintamente, por isso, não podemos fechar os olhos para a necessidade real das crianças: de paz, salvação e ter a vida transformada pelo amor divino. Uma criança que aceita a Jesus tem uma vida inteira de serviço cristão, já o adulto tem apenas alguns anos, por isso, e também para seguir o exemplo de Cristo, vale a pena investir na evangelização infantil. Já fiz a minha escolha: EU ANUNCIO A PAZ ÀS CRIANÇAS.
Missionária da CBBA em Santa Brígida
Eu anuncio a paz
Fui abençoada por nascer num lar cristão e iniciar meus estudos no Colégio Batista de Campinas. Foi lá, nas aulas de religião, que tive o primeiro contato com uma história de uma missionária que, todas as noites, colocava sua camisolinha, se ajoelhava diante do espelho e pedia para Deus lhe dar olhos azuis. Todas as manhãs, Amy Carmichael acordava, olhava no espelho e seus olhos continuavam escuros. Ela lidava com a frustração todos os dias, com a esperança e com a fé, entendendo muito tempo depois que seus olhos lhe dariam a oportunidade de ser missionária na Índia e salvar muitas meninas da prostituição.
Tenho certeza que a Tia Euni não usava o termo prostituição, mas contava tão bem essa história que eu imaginava Amy de camisola, ajoelhada, orando para mudar a cor de seus olhos e eu pensava que tinha os olhos claros que ela tanto queria, mas que não serviam para ver e que eu queria ser missionária como ela e ajudar muitas pessoas. Sim, eu queria ser igual a Amy, queria que minha falta de visão tivesse um propósito e queria sim ser missionária num país longínquo…
Eu fui crescendo, servindo na Igreja, seja no coralzinho, seja na Sociedade de Crianças. Até que, aos 13 anos, num culto de missões na Igreja Batista do Cambuí em Campinas, aceitei o desafio de Isaías 6.8.
Tive a oportunidade de contar com a convivência sob a autoridade de dois pastores que tinham amor a missões e criam que Deus tinha um propósito na minha vida. Um deles, o Pr. Enoque Faria, era envolvido com missões diretamente e o Pr. Carlos Martins era muito próximo ao Seminário Palavra da Vida em Atibaia/SP, onde, aliás, comecei a ser treinada em Teologia a partir dos 15 anos de idade.
Foi nesse momento que percebi o quanto nosso meio não está preparado para nós, com deficiência visual, chamados para servir. A falta de material em braille e, depois, com o advento da tecnologia, a resistência de autores, tradutores e editoras em fornecer os livros em formato digital para que eu fosse melhor preparada, configura-se um obstáculo intransponível até o presente momento. Isso dificulta a preparação para o campo, para o ensino, enfim, para um serviço excelente ao nosso Deus.
Consegui, graças ao apoio dos meus pais e amigos, transpor esse obstáculo durante o Curso de Treinamento de Líderes no Palavra da Vida. O término desse período coincidiu com a época de escolha profissional. Tinha absoluta certeza de que Deus me levaria para o Seminário, mas não eram esses seus planos. Assim como Ele não havia dado os olhos azuis para Amy, eu fui para a faculdade de Direito, me tornando advogada e, já como primeiro emprego, tive a oportunidade de alcançar a chefia de gabinete da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Campinas. Porque “Deus escolheu o que para o mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte.” (I Cor. 1:27b).
E, então, como ele não mudou os olhos de Amy e a enviou para a Índia, Deus não me fez ver e me enviou para o campo cinza da política, da advocacia, do desenvolvimento humano, enfim, do exercício do Mandato Cultural em zonas cinzentas do nosso país e nos corações das pessoas, para que o mundo possa ver que Ele continua sendo Deus.
Sim, através da minha falta de visão e dos limites que suporto por causa dela, consigo ser instrumento de paz e esperança para muitos que sofrem; consigo mostrar o poder de Deus para muitos poderosos; consigo livrar muitos do cativeiro da baixa autoestima, inércia, depressão, auto depreciação, mostrando que o que falta em nós superabunda em Deus e que Ele sabe para quem dá olhos azuis, pretos ou mesmo para quem não os dá.
Apesar de, em nosso meio, haver ainda muitas barreiras atitudinais para que pessoas cegas consigam se preparar e ser, efetivamente, enviadas ao Campo, hoje, me sinto uma Missionária ao serviço do meu Deus, ministrando em várias igrejas pelo Brasil todo, proferindo palestras em ambientes corporativos de alta gestão, enfim, exercendo a grande comissão que o Senhor me deu, buscando ser luz em meio às trevas e sal onde a maldade reina.
Sim, as pessoas cegas podem ser, desde que nossas Convenções, Juntas e Seminários não as limitem, portadoras da paz e da luz que só Cristo pode proporcionar em e para cada um de nós.
Cega - Missionária, pela misericórdia e graça de Deus e, anunciadora da paz de Cristo a todos que encontra pelo caminho
Programa para culto com criança
Pode ser realizado tanto no domingo pela manhã ou à noite, como também em outro dia da semana em que haja programação com as crianças. De acordo com a realidade da igreja e faixa etária das crianças, o tempo e ordem das atividades podem ser alterados, sempre em função da aprendizagem e desenvolvimento das crianças.
ROTEIRO DA PROGRAMAÇÃO - 1h e 40 min.
1. Recepção das crianças - 10 min.
As crianças devem ser recepcionadas com alegria e carinho. À medida que forem chegando, encaminhá-las para brincadeiras, jogos etc.
2. Atividades orientadas - 25 min.
Atividades lúdicas relacionadas ao tema/assunto do dia: jogos, dinâmicas, gincana, brincadeiras, etc.
3. Passeio Missionário - 15 min.
De acordo com a arrumação do espaço, levar as crianças até o local onde estará a exposição da região a ser destacada naquele dia. Mostrar as fotos dos missionários, os desafios missionários, as principais cidades, os pontos turísticos, etc. Esse deve ser um momento descontraído. Pergunte se as crianças conhecem ou se têm parentes nesses locais, deixe-as falar sobre o assunto. É um momento de exploração geográfica e missionária, no qual as crianças têm muito a aprender.
4. Ensino de cânticos e/ou versículos - 15 min.
Esse é um momento de “ensaios”. Se há um cântico desconhecido na ordem do culto, ensine-o para que, no momento do culto, seja cantado com mais firmeza pelas crianças. A memorização do versículo do dia deve ser feita também para que, no momento do culto, eles já saibam. E se houver alguma encenação a ser feita pelas crianças, use esse momento para ensaiar.
5. Culto ao Senhor - 25 min.
Lembre-se que o culto é para o Senhor; deve ser um momento de louvor, reflexão e consagração a Deus. Não é um momento para brincadeiras e conversas, mas sim para pensar em Deus, falar com Deus e ouvir a Deus.
ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE
1. O ambiente físico é muito importante para a aprendizagem da criança. Por isso, independente do tamanho ou estrutura desse ambiente, ele precisa ser atrativo e alegre. Os móveis, decoração de paredes, equipamentos e materiais diversos devem estar relacionados com o assunto do dia e os objetivos da aprendizagem. Tire tudo que não será utilizado.
2. Desde a “recepção das crianças” até o “passeio missionário”, a disposição das cadeiras e mesas deverá atender às atividades que serão realizadas (em círculo, encostadas na parede, etc.), mas, no momento do Culto ao Senhor, as cadeiras deverão ficar enfileiradas, pois o culto é exclusivamente para Deus e as crianças precisam aprender a cultuar genuinamente.
3. Separar a sala em quatro partes correspondentes a quatro áreas do estado da Bahia. A cada domingo, uma parte vai sendo decorada com as informações e imagens daquela área. Essa decoração será utilizada para o “passeio missionário”. Precisa ser uma exposição bem feita, com informações interessantes, significativas e atraentes para as crianças.
Divisão das áreas:
Culto 1 – Salvador e Região Metropolitana
Culto 2 – Vale do São Francisco e Oeste baiano
Culto 3 – Centro Sul e Sul baiano
Culto 4 – Centro Norte e Nordeste baiano
Cada parte da sala deve ser decorada da seguinte forma:
- Fotos dos missionários que trabalham naquela área;
- Imagens e locais dos campos missionários;
- Principais cidades;
- Pontos turísticos;
- Especificidades interessantes daquela área;
- Desafios missionários, etc.
CULTO 1
Mensagem musical - A participação das crianças no culto é muito importante, por isso, escale previamente crianças para fazerem solos, duetos, etc.
CULTO 2
Momento de oração por Missões Estaduais - Dinamizar esse momento variando a forma. Em duplas, grupos, etc.
CULTO 3
CULTO 4
Recitativo Bíblico (João 14.27) - Pode ser feita em uníssono, memorizado.